A palavra escolhida por um dos participantes no Fotodicionário desta semana foi "Encaixe".
Na multitude de encaixes fotográficamente representados que me ocorreram optei por este bem simples.
Já no tocante às palavras o poema seguiu rumo bem diverso.
Aqui vos deixo o poema a propósito da palavra "encaixe"
Há coisas do arco da velha.
Cedinho, pela manhã, saí para uma caminhada.
Antes de entrar na zona mais rural atravesso as principais artérias desta cidade onde moro.
Ao chegar a um cruzamento o semáforo para os peões ficou vermelho - não de vergonha nem de raiva - tão só a avisar que o trânsito ia mudar e que os peões se deveriam quedar no passeio, em resguardo.
Obedeci. Parei e fiquei estática. Fiquei? O corpo que habito ficou.
Continuei obedientemente parada no passeio.
Às tantas, do trânsito parado - em função de um outro semáforo - à minha esquerda, saiu disparada uma motorizada que rápida atravessou o cruzamento com o relincho feliz e habitual a estes animais perdendo-se na lonjura da rua que ali se estende a direito até longe para a nossa humana vista.
Continuei a segui-la com o olhar enquanto no cérebro marteleva o pensamento: mas que lhe deu? Avançou com o sinal vermelho?
Já ela desaparecera de vista quando me apercebi que o sinal vermelho, que continuava, era para os peões. Eu, parada, avaliava o movimento da motorizada em função de um dado registado no cérebro, sem relação com o movimento daquela.
Ainda não percebi por onde é que eu andava.