Sem saber que ias embora
Sorri-te enlevada.
Toda a alma no agora
Por me sentir tão amada.
Em mim este doce anseio
Vibrando o ser no enleio
De amar e ser amada.
E tu, já de partida...
E a tua voz, calada...
A tua alma fugida
Já de mim apartada.
Entre nós um bloqueio
E eu, cega, sem receio,
A dar-me por inteiro.
A acolher-te em meu seio
Vibrando com o teu cheiro
Bebendo o teu olhar
Como a noite o luar.
Como na noite acontece
Veio a escuridão
Do teu desinteresse
Tomar-me de supetão.
Ferir-me sem que eu pudesse
Defender-me. Despojada
Mais perdida que achada.
Pais e filhos uma unidade.
Harmonia e caos, amálgama.
Eterno jogo da verdade
Em que sofre quem mais ama.
Genes, sangue e fibra vibram,
Abrem caminhos diversos
Onde se desequilibram
E tortos ficam seus versos
Que afinal é seu viver
E se os filhos se perdem
Por atalhos, é bom de ver,
Sofrem os pais também.
E é um sofrer sem fim
Sem retorno nem perdão
Pois o pai se crê ruim
De pronto lhe foge o chão.
Não é fácil não senhor
Mas há que não esquecer
Que podemos dar amor
Não seu caminho escolher.
Solidária com o poeta L. F. P. eseu filho B.P.
Conceição Paulino
Domingo, 1 de Novembro de 2009