Quinta-feira, 05.11.09

Esta semana a palavra no Fotodicionário foi esta: PARQUE. Se fores até lá verás um conjunto de representações fotográficas como é usual.

Colaborei com a colagem abaixo e escrevi dois poemas.
Um pode ser lido aqui,o outro em Estranhos Dias e Corpo de Delito 
 
 parque
 
 
no parque a criança brinca
balouça rodopia escorrega
cai levanta-se. recomeça
a corrida. no parque
explora o mundo e
os seus limites.
descobre-os.
mais amplos a cada dia.
 
no parque as latas
sobre rodas dormem.
dormitam hipnotizadas
enfeitiçadas
drogadas pelos tóxicos gases
de que se alimentam.
aguardam os humanos
que as ligam
lhes dão corda.
esperam
trepidantes as vísceras.
 
no parque há um lago
no lago os cisnes deslizam.
um eleva o corpo
abre as imensas asas
estica o já longo pescoço
e canta a vida e a beleza.
num banco
do parque os namorados
olham-se
entrelaçam as mãos
unem as bocas
e sorvem o mel.
 
no parque a criança desliza
escorrega testa-se
e ri da descoberta.
num banco do parque
a mãe fita o filho
que balouça
cabelos ao vento
e sorri grata
pela harmonia
que vê ao seu redor.
 
no parque, entre a sombra
das copas das velhas árvores,
as crianças que já foram,
agora |como as árvores
da sua meninice|  velhos,
ocupam os dias.
jogam ao dominó
às cartas. miram,
de soslaio, as mulheres
que passam,
as jovens meio desnudas
e sentem um frisson
correr-lhes no sangue,
avivar corpo e memórias
latejando vida.
 
no parque, entre pombas,
canteiros, árvores,
flores, crianças que brincam,
velhos que se ocupam
iludindo esperas,
mães que cuidam
a vida flui serena.
 
nas margens do parque,
as latas com rodas,
agora animadas,
rugem largando fumaça.

estou bem

publicado por Conceição às 13:15 | link do post | comentar | ver comentários (1) | favorito

generalista sobre literatura e a vida. Assim acaba por integrar análise sócio-política pois toda a vida nela está imersa.
e sobre mim...
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