Terça-feira, 08.12.09

dizem:

 - tens um ar cansado!
 
sim, tenho!
tenho um ar cansado.
 
cansados alma e ser.
 
a matéria que o corpo
constitui,
a imponderável invisível
e etérea substância –
pó das estrelas –
que a alma, espírito,
o SER, constitui.
 
a unidade que sou,
cansada.
 
cansada de des-amores
em todo o
tipo de relações entre os seres.
 
cansada a alma
exausto o corpo
frustrados tantos sonhos
logo repostos por sonhos outros
que a vida é movimento -
acção e reacção –
fé em si e nos outros…
 
em jeito de balanço,
bem ao alto, ergo
o cálice da água que nos
constitui e digo:
 
     - varram-se, para longe,
ilusórias, unilaterais
amizades.
cesse o pranto da alma
em que o corpo soçobra.
altivos e belos
se ergam os lírios do campo

e a majestosa
os céus corra,
simultâneos os seus quatro
ciclos.

quedem-se as vozes
no silêncio
e nele se reconstrua
um mundo sem logros
bem-vinda toda a diferença seja –
riqueza maior
da humana espécie -
e que
a intemporal mensagem
ao longo dos séculos
por tantos dita,
nos corações faça eco
e ninho. casa e CAMINHO.

“ama o “OUTRO” como a ti mesmo.”
sempre esquecemos:
 
     - o “outro” somos nós!

estou

publicado por Conceição às 03:41 | link do post | comentar | ver comentários (2) | favorito

Quinta-feira, 12.11.09

cansou-me o

liso caminho
sem surpresas.
 
larguei a inútil
bicicleta
parti à aventura.

estou caminhante

publicado por Conceição às 09:25 | link do post | comentar | favorito

Quinta-feira, 05.11.09

Esta semana a palavra no Fotodicionário foi esta: PARQUE. Se fores até lá verás um conjunto de representações fotográficas como é usual.

Colaborei com a colagem abaixo e escrevi dois poemas.
Um pode ser lido aqui,o outro em Estranhos Dias e Corpo de Delito 
 
 parque
 
 
no parque a criança brinca
balouça rodopia escorrega
cai levanta-se. recomeça
a corrida. no parque
explora o mundo e
os seus limites.
descobre-os.
mais amplos a cada dia.
 
no parque as latas
sobre rodas dormem.
dormitam hipnotizadas
enfeitiçadas
drogadas pelos tóxicos gases
de que se alimentam.
aguardam os humanos
que as ligam
lhes dão corda.
esperam
trepidantes as vísceras.
 
no parque há um lago
no lago os cisnes deslizam.
um eleva o corpo
abre as imensas asas
estica o já longo pescoço
e canta a vida e a beleza.
num banco
do parque os namorados
olham-se
entrelaçam as mãos
unem as bocas
e sorvem o mel.
 
no parque a criança desliza
escorrega testa-se
e ri da descoberta.
num banco do parque
a mãe fita o filho
que balouça
cabelos ao vento
e sorri grata
pela harmonia
que vê ao seu redor.
 
no parque, entre a sombra
das copas das velhas árvores,
as crianças que já foram,
agora |como as árvores
da sua meninice|  velhos,
ocupam os dias.
jogam ao dominó
às cartas. miram,
de soslaio, as mulheres
que passam,
as jovens meio desnudas
e sentem um frisson
correr-lhes no sangue,
avivar corpo e memórias
latejando vida.
 
no parque, entre pombas,
canteiros, árvores,
flores, crianças que brincam,
velhos que se ocupam
iludindo esperas,
mães que cuidam
a vida flui serena.
 
nas margens do parque,
as latas com rodas,
agora animadas,
rugem largando fumaça.

estou bem

publicado por Conceição às 13:15 | link do post | comentar | ver comentários (1) | favorito

Quinta-feira, 29.10.09

A palavra escolhida por um dos participantes no Fotodicionário desta semana foi "Encaixe".

Na multitude de encaixes fotográficamente representados que me ocorreram optei por este bem simples.

Já no tocante às palavras o poema seguiu rumo bem diverso.

Aqui vos deixo o poema a propósito da palavra "encaixe"

 

perfeição
 
perfeito o encaixe dos corpos
medidas e formas torneadas
para que um do outro sejam
molde e cama.
a cada côncavo vale,
perfeito altaneiro convexo
se aninhando.
supremo
resplendor sobre eles brilhando
de glória os dias nimbando.
 
Conceição Paulino
S. Mamede de Infesta, sexta-feira, 23 de Outubro de 2009
 (Palavra do Fotodicionário de 22 a 29 Outubro)

estou eu

publicado por Conceição às 13:22 | link do post | comentar | favorito

Quarta-feira, 16.09.09

sou pássaro vestido

de azul.

 

minhas penas são

de tristeza e dor

de lágrimas

orvalhadas.

 

 

enterradas bem fundo

na carne

bebem a seiva

do amor

e ondulam

freneticamente agitadas.

 

[do meu último livro: o meu país é um sonho sonhado. 2009.

. Mamede de Infesta:63


estou

publicado por Conceição às 16:47 | link do post | comentar | favorito

generalista sobre literatura e a vida. Assim acaba por integrar análise sócio-política pois toda a vida nela está imersa.
e sobre mim...
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